Investigação sobre a superproteção e o instinto maternos, o espetáculo ‘Saia’ estreia, em 13 de maio, no Teatro Firjan SESI

Com direção de Joana Lebreiro, texto de Marcéli Torquato foi escrito durante

a 4ª turma do Núcleo de Dramaturgia Firjan SESI no ano passado.

Em cena, estão as atrizes Eliane Carmo, Elisa Pinheiro e Vilma Melo

 Quando o herói grego Aquiles nasceu, sua mãe (a nereida Tétis) o banhou no Rio Estige na tentativa de torná-lo imortal. Mas segurou-o pelo calcanhar, parte do corpo que acabou vulnerável. O mito é uma das inspirações do espetáculo Saia, que estreia dia 13 maio no Teatro Firjan SESI, propondo uma investigação sobre a superproteção e o instinto maternos e a tentativa do ser humano de ter controle sobre a vida. O texto foi escrito por Marcéli Torquato durante as atividades da 4ª turma do Núcleo de Dramaturgia Firjan SESI em 2018, coordenado pelo diretor e dramaturgo Diogo Liberano, e é sua primeira peça teatral. A história chega ao palco com direção de Joana Lebreiro e elenco que reúne as atrizesEliane Carmo (Neném), Elisa Pinheiro (Mãe) e Vilma Melo (Aquiles). A dramaturgia será publicada pela Editora Cobogó, assim como outras duas criadas na mesma turma do projeto: ‘Desculpe o transtorno’, de Jonatan Magella, e ‘Só percebo que estou correndo quando vejo que estou caindo’, de Lane Lopes. O lançamento dos livros será no dia 13 de maio, junto com a estreia da peça.

Saia – Elisa Pinheiro (esq), Vilma Melo (centro) e Eliane Carmo. Foto Guilherme Silva

Quando a autora se tornou mãe, foi tomada pelo medo de morrer, de que sua filha ficasse sem mãe. Os recorrentes episódios de violência da cidade também a perturbavam. Esse foi o ponto de partida da dramaturgia. “Queria investigar essa característica da maternidade: a tentativa de controlar os riscos, de imunizar as filhas e filhos a todo custo. Não se pode fugir de tudo. É preciso que a vida aconteça”, explica.

O dramaturgo Diogo Liberano, que acompanhou todo o processo de escrita, comenta como foi bonito ver a autora se desafiando durante as aulas do núcleo. “Uma questão que sempre discutíamos era o que ela faria com esse medo que veio com a maternidade: confirmar sua existência ou dar um problema para ele? E ela acabou colocando em xeque o medo desta mãe numa história de muita delicadeza, que nos toca e afeta”, define Diogo.

A trama acompanha a rotina de uma mãe que, diante de um mundo violento, cria suas duas filhas literalmente sob a sua saia. O dia a dia não muda: é ir da casa ao trabalho, e vice-versa, até que um furo na vestimenta faz com que as crianças comecem a desconfiar da falta de acontecimentos em suas vidas.

“O texto é extremamente poético, cheio de metáforas nas entrelinhas e, ao mesmo tempo, põe em cena questões muito profundas e reais. É como um enigma, que vamos descobrindo aos poucos”, reflete a diretora Joana Lebreiro, que aceitou dirigir uma das peças criadas no Núcleo de Dramaturgia Firjan SESI antes mesmo de saber qual seria. “Sei que o Diogo Liberano tem uma pesquisa de dramaturgia muito contundente e que os trabalhos vindo do núcleo seriam, no mínimo, instigantes. E estava certa. Gostei muito de todos, mas ‘Saia’ me arrebatou”, acrescenta.

Ao lado da diretora no time criativo estão Gabriela Estevão (diretora assistente); Ana Luzia de Simoni (iluminadora); Marieta Spada (diretora de arte) e Claudia Castelo Branco (diretora musical e trilha sonora), que compôs uma trilha original para o espetáculo. “Assim como a história apresenta situações cotidianas em cenas surrealistas, quis fazer essa mistura de elementos concretos e poéticos de uma forma experimental”, descreve Claudia. A equipe se completa com a diretora de movimento e preparadora corporal Tatiana Tiburcio, que partiu do jongo e da dança afro para a criação da movimentação das atrizes em cena: “A dança afro é carregada de símbolos, então cada gesto que trabalhamos tem múltiplos significados, como a própria dramaturgia. O jongo também tem uma ligação poética com a trama, já que o girar das saias na dança leva para longe o que é negativo e traz para perto o axé que nos protege”.

Sinopse

Duas crianças são criadas sob a saia da mãe até que um furo na vestimenta faz com que elas comecem a desconfiar da falta de acontecimentos em suas vidas. Saia é uma investigação sobre o instinto materno em um mundo violento.

Núcleo de Dramaturgia

Em sua quinta edição, o Núcleo de Dramaturgia Firjan SESI nasceu da vontade de descobrir e desenvolver novos autores teatrais brasileiros e é aberto para quem gosta de escrita, com ou sem experiência em dramaturgia. O programa anual de estudo e criação mistura teoria e prática, por meio de atividades de leitura de textos filosóficos e dramaturgias escritas no decorrer dos séculos; discussões; exercícios individuais e de jogos textuais em dupla ou trio; e encontros presenciais com autores e artistas profissionais da cena contemporânea. Além dessas experimentações, os participantes escrevem duas dramaturgias, sob orientação de Diogo Liberano, coordenador do Núcleo de Dramaturgia Firjan SESI: uma menor, com cerca de 15 páginas, e uma final de no mínimo 30 páginas. “Pedagogicamente a atividade se dá a partir de distintos modos e tipos de escrita que cada autor ou autora traz. As turmas são compostas por 15 pessoas, a cada ano, assim, a diversidade de modos de escrita é muito grande. Temos encontros semanais com a turma toda e também individuais, nos quais discutimos a dramaturgia de cada aluno de maneira bastante profunda”, conta Liberano. “É muito gratificante ver o resultado”.

Lançamento

Em parceria com a editora Cobogó, que edita, a Coleção Dramaturgia, haverá a publicação de três obras criadas durante a 4ª Turma do Núcleo de Dramaturgia Firjan SESI: ‘Saia’, de Marcéli Torquato, ‘Desculpe o transtorno’, de Jonatan Magella, e ‘Só percebo que estou correndo quando vejo que estou caindo’, de Lane Lopes. O lançamento dos livros será no dia 13 de maio, junto com a estreia do espetáculo.

  • FICHA TÉCNICA:
  • Dramaturga: Marcéli Torquato
  • Diretora: Joana Lebreiro
  • Diretora assistente: Gabriela Estevão
  • Atrizes: Eliane Carmo, Elisa Pinheiro e Vilma Melo
  • Diretora de arte: Marieta Spada
  • Diretora de movimento e preparadora corporal: Tatiana Tiburcio
  • Diretora musical e trilha sonora: Claudia Castelo Branco
  • Iluminadora: Ana Luzia de Simoni
  • Programadora visual e mídias sociais: Thaís Barros
  • Assessora de comunicação: Rachel Almeida – Racca Comunicação
  • Fotógrafo da comunicação visual: Guilherme Silva
  • Produtora: Clarissa Menezes
  • Coordenador do projeto e do Núcleo de Dramaturgia Firjan SESI: Diogo Liberano
  • SERVIÇO:
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  • Saia
  • Temporada: De 13 de maio a 18 de junho
  • Teatro Firjan SESI Centro – Avenida Graça Aranha, 1 – Centro – Rio de Janeiro/RJ (Próximo ao Metrô – Estação Cinelândia).
  • Telefone: 2563-4163.
  • Dias e horários: 2ª e 3ª, às 19h.
  • Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
  • Lotação: 338 pessoas
  • Duração: 1h15 minutos
  • Classificação: 12 anos
  • Funcionamento da Bilheteria: De segunda a sexta, das 11h30 às 19h30. Sábados, domingos e feriados, quando houver atração, duas horas antes da sessão.

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