Inez Viana dirige Claudio Mendes no espetáculo “Maria!”, uma ode a Antônio Maria, cronista admirável e compositor dos mais notáveis
Estreia dia 12 de abril, quinta-feira, no Mezanino do Sesc Copacabana
“Maria!” chega neste momento em que o primeiro samba-canção completa 90 anos
 
Na TV Globo, Claudio Mendes está na novela “O Outro Lado do Paraíso” e foi escalado “O Tempo não para”, próxima novela das 19h

O Mezanino do Sesc Copacabana recebe, de 12 de abril a 6 de maio, quinta a sábado às 21h e domingo às 20h, o espetáculo “Maria!”, com dramaturgia e atuação de Claudio Mendes. A peça é uma organização das crônicas e canções de Antônio Maria, costuradas de modo a constituírem um enredo. O tempo cronológico do espetáculo é o de um dia na vida de Maria, o dia de seu aniversário, mas suas lembranças é que dão o tom biográfico que cria o enredo da peça. “Maria!” resgata o poeta e o traz de volta à luz no seu “palco original”, Copacabana, bairro no qual viveu a maior parte de sua vida. Em cena, Claudio Mendes atua em um palco em forma de arena, acompanhado pela violoncelista Maria Clara Valle. A direção é de Inez Viana.

– Falar do Maria hoje é, de certa forma, entrar em contato com um Rio menos ansioso e violento, onde o que reina na noite são os boêmios e os poetas -, comenta Inez Viana.

O espetáculo começa com o artista voltando para casa, um apartamento de quarto e sala em Copacabana, com o dia amanhecendo, vindo de mais uma noitada boêmia. Faz uma ode ao Rio de Janeiro, cidade que escolheu para viver e também critica seu abandono. Antes de dormir fala sobre cansaço, velhice e sua vida irrequieta. Adormece, enfim, e ao acordar entre as várias tarefas que tem para cumprir, escrevendo crônicas para a rádio e para o jornal, conversa sobre feiura, velhice, solidão, amor, trabalho, dívidas, insatisfações. Sem conseguir escrever uma linha, nem sobre si mesmo, ele abre o seu diário e relembra o Carnaval de sua infância no Recife, sua chegada ao Rio de Janeiro, na Lapa dos anos 40, cheio de deslumbramentos. Ao anoitecer ele sai de casa, vai cair no Sacha’s, como sempre, e lá encontra seus amigos: Vinícius, Di Cavalcanti, Maysa e lamenta a perda de sua amiga querida, Dolores Duran, de quem se recorda com muita saudade. Dia amanhecendo, nosso cronista volta para casa pela orla, onde o “colar de pérolas” ainda aceso vai se apagando com a luz da manhã. Ele fala sobre Copacabana, bairro onde morou boa parte de sua vida e onde morreu. Chegando em casa ele só quer o merecido descanso, o sossego. É apenas mais uma noite de sono, mas podemos imaginar que possa ser a última. O Menino Grande deixa-nos um último samba, melancólico, mas cheio de humor, como era o próprio Antônio Maria.

A respeito de sua atuação, Claudio Mendes comenta que “não há uma tentativa de mimetizar o personagem Antônio Maria, reproduzindo sotaques, trejeitos e voz, porém o texto é todo dito em primeira pessoa. Então, é o Antônio Maria na voz do ator Claudio Mendes.” E citando seu envolvimento com este trabalho Claudio diz que “minha alma colou na do Maria desde a primeira leitura. Nesse espetáculo quero tentar traduzir para o teatro, toda beleza, poesia, humor, acidez, ironia, a graça das palavras deste grande cronista, poeta e compositor. Quero emprestar a ele o meu melhor, como ele me deu o melhor que havia nele e fazê-lo chegar às pessoas. Acho o momento perfeito para se ouvir Antônio Maria.”

Pequena biografia de Antônio Maria

Nascido em 17 de março de 1921, no Recife, Antônio Maria foi um dos maiores craques literários de todos os tempos. Cronista admirável, com pleno domínio e intimidade com a sonora língua portuguesa, falava e escrevia com exigência de estilo, beleza poética e técnica de mestre.

Seu primeiro emprego, aos 17 anos, foi o de apresentador de programas musicais na Rádio Clube Pernambuco. Em 1940, se muda para o Rio de Janeiro para ser locutor esportivo na Rádio Ipanema. Em 1947, se torna diretor artístico da Rádio Tupy. Convocado por Assis Chateaubriand foi o primeiro diretor de produção da TV Tupi, inaugurada em janeiro de 1951. Durante mais de 15 anos, escreveu crónicas diárias para O Jornal. Em 1952, Maria foi um dos primeiros contratados da Rádio Mayrink Veiga. Em 1957, com Ary Barroso, apresentou o programa “Rio, Eu Gosto de Você”, na TV Rio. No Jornal O Globo, em 1959, manteve a coluna Mesa de Pista, tendo então se transferido para o Última Hora.

Antônio Maria foi ainda compositor dos mais notáveis da música popular brasileira, também ali seu estilo se fazia presente: sambas, sambas-canção, valsas, frevos e alguns prenúncios da bossa nova, que fizeram muito sucesso no Brasil e no exterior. Maria era, além de poeta da alma humana, um documento vivo dos costumes de sua época, incorporando em suas crônicas a linguagem do povo, enriquecendo os dicionários do nosso idioma. A noite do Rio, os modismos dos anos dourados, os seus “personagens”, alegrias e dissabores de encontros amorosos e sua fascinação pelas mulheres, poesia, música, política, esporte, teatro, restaurantes, moda, vida social, humor, amor, está tudo em Antônio Maria, que é autor de obras-primas da música brasileira como “Valsa de Uma Cidade” e “Manhã de Carnaval”, uma das canções brasileiras mais conhecidas no exterior. Muito conhecido por suas canções dor-de-cotovelo como “Ninguém me Ama” e “Se eu Morresse Amanhã”, Maria tem uma vasta obra que inclui ainda “As Suas Mãos”, “Canção da Volta” e “Frevo nº1 do Recife”.

Antônio Maria, cardiopata desde a infância, faleceu fulminado por um enfarte do miocárdio  na madrugada de 15 de outubro de 1964, em Copacabana, quando se dirigiu para o Le Rond Point.

Claudio Mendes, ator

Claudio Mendes é ator com mais de 30 anos de carreira e 70 espetáculos realizados com diretores como Amir Haddad e Aderbal Freire-Filho, seus parceiros mais frequentes e dos quais se considera um discípulo, tendo sido dirigido também por André Paes Leme, Moacir Chaves, Luis Artur Nunes, Bia Lessa e muitos outros. Claudio Mendes está indicado como melhor ator coadjuvante ao Prêmio APTR por seu trabalho em “Agosto”. Está na nova série brasileira da NETFLIX, “O Mecanismo”, direção de José Padilha, que estreia dia 23 de março, e no elenco de três filmes que serão lançados em 2018: “Simonal”, de Leonardo Domingues, protagonizado por Ísis Valverde e Fabrício Boliveira, “Carlão e Carlinhos”, de Pedro Amorim, com Luís Lobianco à frente do elenco, e “Um Animal Amarelo” de Felipe Bragança. Atualmente está na novela “O Outro Lado do Paraíso”, da TV Globo e foi escalado para a próxima novela das 19h, “O Tempo não para”, também da Globo.

Inez Viana, direção

Inez Viana tem mais de 30 anos de profissão. É atriz, cantora e diretora com várias indicações e prêmios conquistados. Seu talento como atriz é reconhecido entre colegas, público e crítica, a exemplo do sucesso “A Mulher que Escreveu a Bíblia”, espetáculo de 2007, com o qual tem feito várias temporadas e apresentações, festivais e turnês pelo Brasil. Artista importantíssima no cenário teatral carioca, Inez tem muitas contribuições ao teatro nacional como a participação no Centro de Demolição e Construção do Espetáculo, grupo consagrado nos anos 90, dirigido por Aderbal Freire-Filho. É fundadora e diretora da Cia OmondÉ que, com 8 anos de trajetória e 6 espetáculos em repertório, atualmente prepara, para junho de 2018, a montagem de “A Mentira”, texto de Nelson Rodrigues, inédito no Teatro.

Ficha Técnica

Autor: Antônio Maria
Dramaturgia: Claudio Mendes
Direção: Inez Viana
Elenco: Claudio Mendes
Instrumentista: Maria Clara Valle
Assistente de Direção: Marta Paret
Direção Musical: Ricardo Góes
Iluminação: Paulo César Medeiros
Figurino: Flavio Souza
Produção: Barbara Montes Claros
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Programação Visual: Silvana Andrade
Fotos e Vídeo: Elisa Mendes

Mídias Sociais: Rafael Teixeira
Realização: J.R. Mac Niven Produções Ltda.

Serviço

Local: Mezanino do Sesc Copacabana – Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro
Informações/tel.: 2547-0156
Temporada: 12 de abril a 6 de maio

Dias: Quinta a sábado às 21h e domingo às 20h
Ingressos: R$ 7,50 (Associados do SESC) e R$ 30,00 (casos previstos em lei pagam meia)
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 70 minutos
Lotação: 80 pessoas

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